Está um homem à minha frente. O cabelo já mostra alguma idade, os óculos mostram que não vê bem: tem alguma graduação, são redondos e a armação de metal é quase nula.
Olho para ele pela terceira vez: está a fumar e sempre que aprecio o cigarro está intacto, do mesmo tamanho. O copo de ice tea está como o cigarro: nem meio vazio, nem meio cheio. Isto está-me a fazer confusão, porque a expressão e o modo como tem a cabeça baixa, está tal e qual como o cigarro e como o ice tea: intacta.
No que raio estará a pensar o senhor? Ok. Apagou o cigarro e dentro de momentos vai acender outro. Já acendeu, provavelmente o terceiro ou o quarto desde que aqui estou.
A posição da cabeça continua igual à em cima retratada. O ice tea idem, embora agora tenha tentado encher o copo com as últimas gotas que estavam na lata e por fim, o cigarro está entre dois dedos de uma mão pousada no colo, em cima de uma mala.
Mas oh homem, no que, afinal, tanto pensa? Nos últimos vinte minutos não fez mais nada além de acender cigarros, pensar, deixá-los arder e por fim apagá-los.
Vai ou não me vai dizer no que é que está a pensar? Estou cada vez mais intrigada.


Texto escrito e imagem tirada em Coimbra, 14 de Outubro de 2011

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